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O que é a perda da reserva ovariana que acontece nas mulheres e diminui as chances de fertilidade?

Publicado em 11 de setembro de 2022

Com o tempo, as mulheres começam a perder a reserva ovariana antes de se tornarem inférteis e antes de deixarem de menstruar regularmente – e isso dificulta as chances de gravidez.
reserva ovariana

 A fertilidade muda com a idade, mas os problemas são mais precoces para as mulheres. “À medida que as mulheres envelhecem, a fertilidade diminui devido a alterações normais relacionadas à idade que ocorrem nos ovários. Ao contrário dos homens, que continuam a produzir espermatozoides ao longo da vida, uma mulher nasce com todos os folículos contendo óvulos em seus ovários. Ao nascer, há cerca de um milhão de folículos. Na puberdade, esse número terá caído para cerca de 300.000. Dos folículos remanescentes na puberdade, apenas cerca de 300 serão ovulados durante os anos reprodutivos. A maioria dos folículos não é usada pela ovulação, mas passa por um processo natural de envelhecimento e degeneração chamado atresia. A atresia é um processo degenerativo que ocorre independentemente da mulher estar grávida, ter ciclos menstruais normais, usar anticoncepcionais ou estar em tratamento de infertilidade”, explica o Dr. Rodrigo Rosa, especialista em reprodução humana e diretor clínico da clínica Mater Prime, em São Paulo, e sócio-fundador do Mater Lab, laboratório de Reprodução Humana. “E nas mulheres, a idade é responsável por duas alterações importantes: uma com relação à qualidade e outra relacionada à quantidade de óvulos. A quantidade decrescente de folículos contendo óvulos nos ovários é o que chamamos de ‘perda de reserva ovariana'”, completa o médico.

O médico explica que, durante seus anos reprodutivos, as mulheres têm períodos menstruais mensais regulares porque ovulam regularmente a cada mês. “Os óvulos amadurecem dentro de esferas cheias de fluido chamadas ‘folículos’. No início de cada ciclo menstrual, quando uma mulher está menstruada, um hormônio produzido na glândula pituitária, localizada no cérebro, estimula um grupo de folículos a crescer mais rapidamente em ambos os ovários. O hormônio hipofisário que estimula os ovários é chamado de hormônio folículo-estimulante (FSH). Normalmente, apenas um desses folículos atingirá a maturidade e liberará um óvulo (ovulação); o restante gradualmente irá parar de crescer e degenerar”, diz o médico. “A gravidez ocorre se o óvulo for fertilizado e se implantar no revestimento do útero (endométrio). Se a gravidez não ocorrer, o endométrio é eliminado com o fluxo menstrual e o ciclo recomeça. Os ciclos de uma mulher permanecerão regulares, de 26 a 35 dias, até os 30 e os 40 anos, quando ela perceberá que seus ciclos ficam mais curtos. Com o passar do tempo, ela começará a pular a ovulação, resultando em períodos perdidos”, completa. Em última análise, os períodos tornam-se cada vez menos frequentes até cessarem completamente – e quando uma mulher não menstrua há 1 ano inteiro, diz-se que ela está na menopausa.

Quantidade do óvulo – A perda de reserva ovariana acontece nas mulheres antes que elas se tornem inférteis e antes de deixarem de menstruar regularmente. “Como as mulheres nascem com todos os folículos que terão, o conjunto de folículos em espera é gradualmente usado. À medida que a reserva ovariana diminui, os folículos tornam-se cada vez menos sensíveis à estimulação do FSH, de modo que requerem mais estimulação para que um óvulo amadureça e ovule. No início, os períodos podem se aproximar, resultando em ciclos curtos, com 21 a 25 dias de intervalo. Eventualmente, os folículos se tornam incapazes de responder bem o suficiente para ovular consistentemente, resultando em ciclos longos e irregulares”, explica o Dr. Rodrigo. “A diminuição da reserva ovariana geralmente está relacionada à idade e ocorre devido à perda natural de óvulos e diminuição da qualidade média dos óvulos que permanecem. No entanto, mulheres jovens podem ter redução da reserva ovariana devido ao tabagismo, história familiar de menopausa prematura e cirurgia ovariana prévia. As mulheres jovens podem ter a reserva ovariana diminuída, mesmo que não tenham fatores de risco conhecidos”, explica. Existem testes médicos para a reserva ovariana, mas nenhum foi comprovado para prever com segurança a possibilidade de engravidar. “Esses testes não determinam se uma mulher pode ou não engravidar, mas podem determinar que as alterações dos ovários relacionadas à idade começaram. Mulheres com baixa reserva ovariana têm menor chance de engravidar do que mulheres com reserva ovariana normal na mesma faixa etária. Nenhum teste único nem qualquer combinação de testes é 100% preciso”, diz o especialista.

Qualidade do óvulo – As mulheres se tornam menos propensas a engravidar e com maior risco de abortos espontâneos porque a qualidade dos óvulos diminui à medida que o número de óvulos restantes diminui. “Essas mudanças são mais notadas quando ela atinge seus 30 e poucos anos. Portanto, a idade da mulher é o teste mais preciso da qualidade do óvulo. Uma mudança importante na qualidade do óvulo é a frequência de anormalidades genéticas chamadas aneuploidia (muitos ou poucos cromossomos no óvulo). Na fertilização, um óvulo normal deve ter 23 cromossomos, de modo que, quando fertilizado por um espermatozoide também com 23 cromossomos, o embrião resultante terá o total normal de 46 cromossomos. À medida que uma mulher envelhece, mais de seus óvulos têm poucos ou muitos cromossomos. Isso significa que, se ocorrer a fertilização, o embrião também terá muitos ou poucos cromossomos. A maioria das pessoas está familiarizada com a Síndrome de Down, uma condição que ocorre quando o embrião tem um cromossomo extra, o 21. A maioria dos embriões com muitos ou poucos cromossomos não resulta em gravidez ou resulta em aborto espontâneo. Isso ajuda a explicar a menor chance de gravidez e maior chance de aborto em mulheres com mais idade”, conta o especialista.

Fertilidade tardia: existe chance?

Os melhores anos reprodutivos de uma mulher são aos 20 anos, segundo o Dr. Rodrigo. A fertilidade diminui gradualmente aos 30 anos, principalmente depois dos 35 anos. “A cada mês que ela tenta, uma mulher de 30 anos saudável e fértil tem 20% de chance de engravidar. Isso significa que para cada 100 mulheres férteis de 30 anos tentando engravidar em 1 ciclo, 20 terão sucesso e as outras 80 terão que tentar novamente. Aos 40 anos, a chance de uma mulher é inferior a 5% por ciclo, portanto, espera-se que menos de 5 em cada 100 mulheres sejam bem-sucedidas a cada mês”, diz o médico.

As mulheres não permanecem férteis até a menopausa. A idade média para a menopausa é de 51 anos, mas a maioria das mulheres se torna incapaz de ter uma gravidez bem-sucedida em meados dos 40 anos. “Essas porcentagens são verdadeiras para a concepção natural, bem como para a concepção usando tratamento de fertilidade, incluindo fertilização in vitro (FIV). Apesar disso, os tratamentos de reprodução assistida, orientados por um médico especialista, que terá o histórico do casal e poderá indicar medicamentos para estímulo da ovulação, são os mais indicados para mulheres com mais idade. Em última análise, a ovodoação pode ser uma estratégia para mulheres que não tiveram sucesso com as técnicas ou apresentam insuficiência ovariana prematura, também conhecida como menopausa precoce. A doação de óvulos, que envolve o uso de óvulos doados por outra mulher que normalmente tem 20 ou 30 anos, é muito bem-sucedida. A alta taxa de sucesso com a doação de óvulos confirma que a qualidade dos óvulos associada à idade é a principal barreira à gravidez em mulheres mais velhas. Portanto, para qualquer casal que busca ter um filho e não conseguiu após um ano de tentativa, o melhor a fazer é sempre buscar ajuda médica”, finaliza o Dr. Rodrigo.

FONTE:

*DR. RODRIGO ROSA: Ginecologista obstetra especialista em Reprodução Humana e sócio-fundador e diretor clínico da clínica Mater Prime, em São Paulo, e do Mater Lab, laboratório de Reprodução Humana. Membro da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA) e da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH), o médico é graduado pela Escola Paulista de Medicina – Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM). Especialista em reprodução humana, o médico é colaborador do livro “Atlas de Reprodução Humana” da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana. Instagram: @dr.rodrigorosa

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